A corrida tem uma dimensão muito significativa na minha vida. Depois de ter passado por uma separação, precisei ir à luta para retomar meu caminho. Divorciei-me, estava com minhas duas filhas ainda pequenas e me vi sem chão, sem rumo, sem perspectivas.

A corrida tem uma dimensão muito significativa na minha vida. Depois de ter passado por uma separação, precisei ir à luta para retomar meu caminho. Divorciei-me, estava com minhas duas filhas ainda pequenas e me vi sem chão, sem rumo, sem perspectivas.
Depois de meses me reconstruindo, resolvi mudar o curso da minha história. Na ocasião, me deparei com duas alternativas: medicar-me para não cair em depressão ou fazer esporte. E nesse processo, identifiquei-me com a corrida de rua. 

Por ter um pai maratonista, o esporte sempre esteve presente ao meu redor. Mas nunca fui fã da prática esportiva e o engraçado é que nunca imaginei que conseguiria. Moro perto de onde saem as corridas aqui da cidade, e sempre tive vontade de um dia fazer parte deste universo, de cruzar a linha de chegada. Como minha filha mais nova tinha completado um ano, não me via fazendo nenhuma atividade física. Estava sedentária e fragilizada.

Foi quando uma amiga me relatou a importância da corrida na vida dela, após certas dificuldades de saúde. Ela percebeu meu interesse e indicou um educador físico pra iniciar a atividade. Comecei do zero, fortalecendo musculatura, e, assim, iniciou-se a minha caminhada no mundo dos esportes. Desde 2013, a minha vida tomou novo rumo. Digo sempre que a corrida é meu remedinho, meu antidepressivo.
Quase 3 anos depois, eu, que mal chegava até a esquina, já me preparava para correr uma meia maratona. Gradativamente, aumentei volume ao longo desse tempo, 5k, 10k, 15k, 18k e 20k e concretizarei meu grande sonho: o de me tornar meia maratonista na prova no Rio de Janeiro. Hoje já somo duas meias maratonas no currículo.

Quando a corrida entrou na minha rotina, resgatei a minha autoestima e a minha confiança. Fiquei determinada. E a corrida provoca isso; você se desafia e quer ir além. E como sempre tive um perfil comunicativo e agregador, reuni as amigas, que eram sedentárias, e começamos a correr. Minha casa era a sede das saídas desses treininhos. O grupo foi crescendo, contratamos um personal, arrumamos patrocínio e fizemos camisetas. E muitos eventos aconteceram. Tornei-me a idealizadora do grupo Ludsrun. E conseguimos, além de correr, promover ações solidárias, como a arrecadação de tênis usados para alguns projetos e a realização de uma corrida oficial na cidade – a Run4kids, corrida solidária que arrecadou 19 mil reais para a compra de brinquedos de natal para as crianças de várias instituições da cidade. E hoje também me desempenho como locutora de corrida de rua de Ribeirão e região.
Corrida, portanto, é sinônimo de superação, de vitória, de antidepressão. Independente de quantos kms corro, sempre fica a sensação de dever cumprido.

Por: LUDMILA PALUCCI PUNTEL (PSICÓLOGA , PROFESSORA E LOCUTORA DE CORRIDA DE RUA)

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